Somos todos Poeira de Estrelas

"... à exceção do hidrogênio, todos os átomos que compõem cada um de nós - o ferro no sangue, o cálcio nos ossos, o carbono no cérebro - foram fabricados em estrelas vermelhas gigantes a milhares de anos-luz no espaço e a bilhões de anos no tempo. Somos feitos, como gosto de dizer, de matéria estelar."
(Carl Sagan)


quinta-feira, 25 de março de 2010

A cadeira

Certo dia eu estava almoçando em um restaurante e na mesa ao lado, dois homens de mais ou menos 45 anos conversavam com muita seriedade. Um dizia, entre alguns goles de cerveja: Eu sou casado há 20 anos, não aguento mais as minhas filhas e nem a minha mulher. Eu não aguento mais o meu casamento. O único motivo pelo qual eu ainda não saí de casa é a minha cadeira. Eu gosto muito da minha cadeira. Quando chego a minha casa, sento na minha cadeira, estico as minhas pernas e fico lendo o meu jornal. Não consigo me imaginar perdendo isso.
O homem falava com tom de voz normal e não se preocupava com a possibilidade de alguém o estar ouvindo.
O outro homem se mostrava compadecido com o problema do amigo e parecia solidário a ele.
Achei o assunto deles muito interessante e fiquei curiosa sobre vários aspectos, por exemplo: Como a cadeira apareceu na casa dele? Teria sido um presente da esposa ou das filhas? A cadeira era uma aliada na manutenção do casamento ou a cadeira era uma rival muito perigosa?
Imaginem a esposa, em um determinado dia, se preparando para a chegada do marido, vestindo peças íntimas belas e sensuais. Esperando na cama toda produzida, com o seu melhor perfume, então o marido chega, senta-se na cadeira e não saí de lá. Dorme na cadeira. E a esposa pensa: Ele tem uma amante na rua, por isso é que ele não vem para a cama. E ele lá se deliciando no aconchego da cadeira. E se a esposa for persistente vai lá, ignora a cadeira e diz: Vem meu amor vem ficar comigo. E ele prefere ficar na cadeira.
Caso a esposa resolva pedir o divórcio, a cadeira será o pivô da separação?
Como se sentirá esta mulher se um dia descobrir que o seu casamento se mantém apenas pelo amor que o marido dela tem por uma cadeira? Será que um dia ela dirá: Ou ela ou eu?
(Gilnea Rangel)

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