Somos todos Poeira de Estrelas

"... à exceção do hidrogênio, todos os átomos que compõem cada um de nós - o ferro no sangue, o cálcio nos ossos, o carbono no cérebro - foram fabricados em estrelas vermelhas gigantes a milhares de anos-luz no espaço e a bilhões de anos no tempo. Somos feitos, como gosto de dizer, de matéria estelar."
(Carl Sagan)


domingo, 4 de abril de 2010

Felicidade

Tenho na memória, algumas lembranças da minha infância que considero relíquias, como por exemplo, as festas na casa da minha avó paterna. Não sei bem o que comemorávamos, mas eram belos momentos. Nestas ocasiões, as mulheres, limpavam e arrumavam a casa e salpicavam areia branquinha no chão. No almoço serviam: Feijão de Leite e Moqueca de Peixe. Como aperitivo sempre tinha licor de jenipapo degustado com parcimônia. A família era grande. Meus tios, alegres e brincalhões, chegavam de muitos lugares e a reunião era perfeita. A felicidade imperava. Como presentes nós tínhamos a felicidade de ver a família reunida.

Um dia o cenário da minha vida mudou radicalmente, eu e minha mãe passamos a viver sozinhas e longe da minha avó. Depois casei, tive filhas e comecei a organizar festas em minha própria casa. Eu sempre organizava as festas desejando que nelas as pessoas fossem tão felizes o quanto eu era na casa da minha avó. No meu imaginário, era algo muito simples de realizar dependia só de mim.
A cada festa promovida eu me empenhava mais para atingir este objetivo. Quando preparava os pratos que seriam servidos e decorava a casa, o meu pensamento era sempre o mesmo: Fazer as pessoas felizes.

As festas foram acontecendo e o trabalho era intenso para mim, mas eu acreditava que todo esforço valia a pena. Todos os participantes se divertiam muito e sempre era um sucesso. Porém algumas vezes eu ouvia comentários estranhos e que indicavam que havia algumas pessoas que não ficavam tão felizes como eu desejava. Era uma minoria, mas quando eu imaginei dar felicidade para as pessoas eu não excluí a minoria. Tomava aquilo como um desafio e dizia: Na próxima vez eu vejo como resolver isto. Porém um dia eu pensei: Meu Deus que ousadia a minha querer dar felicidades para os outros. Que blasfêmia. Eu uma simples mortal.

Passei a ter consciência de que até podemos dar festas, carros, apartamentos brinquedos, dinheiro ou amor, mas não podemos acoplar felicidade a estes presentes. Existem casos de pessoas que recebem como presente algo caro e bonito, mas ficam magoadas e dizem: Ele poderia ter me dado uma coisa melhor, ele é rico.

Concluí que as pessoas quando vão a algum lugar elas levam suas bagagens. Quem tem alegria... leva alegria. Quem tem amor... leva amor. Quem tem ódio... leva ódio. Quem tem tristeza... leva tristeza. Quem tem inveja... leva inveja. Quem tem complexo... leva complexo e assim vai.

O ser humano tem uma bagagem de sentimentos inerentes a um ser humano e proveniente do modo que cada um encara a vida.

Felizmente eu consegui bons retornos, referentes às minhas festas. Deus com certeza viu os meus bons propósitos e me ajudou, pois até hoje tem gente que diz: O melhor Natal da minha vida eu passei na sua casa. Outras dizem: Que saudades daquelas festas!

A felicidade está dentro de cada um. E a pessoa usa esta felicidade a hora que quer.
Podemos até, criar momentos propícios para que ela surja, mas tem que haver uma cumplicidade, se o outro não quiser, ela não se manifestará.

Sei de pessoas que após passaram por momentos difíceis de dor e perda, disseram: Obrigada meu Deus, eu sou feliz. Outras que usaram um pouco das suas reservas de felicidade justamente para enfrentar atribulações e ficaram felizes em momentos que seriam de total domínio da tristeza.

Vamos nos permitir ser felizes com coisas simples também, e sem necessidade do enfrentamento de acontecimentos traumáticos ou de grandes malabarismos.
Não propague a frase: Quando a gente perde é que a gente dá valor.
Dê o devido valor antes de perder. Use a sua reserva de felicidade em todas as oportunidades que a vida lhe oferecer. Seja Feliz.
Gilnea Rangel

Nenhum comentário:

Postar um comentário